Stenio e Heloisa estão vivendo um período de paz. Mesmo não
estando mais na “fase de teste” ele ainda têm recaídas. As vezes um beijo, as
vezes um vinho. Tudo muito natural, sem cobranças ou seriedade, até porque eles
não estão tendo tempo para isso. Suas vidas estão no meio de um fogo cruzado.
Helô com todos os problemas da PF, Morena e Drika ainda ganhou outro peso para
carregar. Peso este que Stenio vive dentro de sua própria casa. Este “peso” tem
nome, é o caso da Aisha.
Berna e Mustafá não sabem mais o que fazer para conformar a
garota, que sonhou a vida toda em conhecer a família biológica, mas não ficou
satisfeita com a da favela. Tudo que a menina turca mais odiava era aquele
ambiente, aquele tipo. Porem o destino falou mais alto e deu-lhe um golpe.
Cabia a Helô ajudar, afinal ela que tinha estourado aquela bolha de mentiras
que Berna fazia questão de proteger, junto com Wanda.
Com tantos problemas, eles só pensam em soluções soluções
soluções. Nem as investidas diárias de Stenio estão acontecendo mais. Entre
tanto eles contam com uma madrinha que mais ninguém tem igual. Creusa!
A empregada, sempre preocupada com o casal de patrões,
resolve dar uma forcinha, pois andava meio displicente neste quesito “cupido de
ser”. Ela conversa um pouco com a patroa, que nem dá bola para seu papo de “deixar
de pensar no outros e pensar em não ficar mais sozinha” ou “não deixar o D. Stenio escapar novamente”,
coisas do tipo.
H: Creuza, tu fala demais, mulé! – Era só o que a delegada
respondia, cortando e encurtando o papo.
Mas Creusa é porreta e não deixa por menos, resolve fazer
uma surpresa.
Já se passam das 23hs, quando Helô e Stenio chegam em casa.
Eles haviam saído para ajudar Berna e Mustafá a procurar Aisha. A garota havia
fugido após ouvir a discussão dos pais. Os dois casais passaram 3 horas
procurando-a, mas nada adiantou. Mustafá prestou queixa na delegacia, com a
ajuda de Helo, mas a polícia só podia agir com 24 horas de desaparecimento.
Após tranquilizá-los, afinal Aisha já é maior de idade,
Stenio e Helô voltam para o apartamento. Stenio vem dirigindo o carro.
S: Helô, você acha que a Aisha pode ter ido lá pro Alemão?
H: Acho muito pouco provável, Stenio. A Aisha não estava
suportando estar lá, ficar lá. Imagina se refugiar lá... Mesmo assim, não sei,
vou ligar para a Lucimar. Ela pode me responder com mais calma. – Helo pega o
celular – Alô, Lucimar? Você está bem? E a Jéssica? Tudo calmo por aí?
L: Ta tudo na paz D. Helô. A Jessica ta dormindo como um
anjinho. Ta tudo muito tranquilo, estamos todos aqui em casa. Eu, Neuma, Junior
e a Delzuite. Ela ta to feliz, D. Helô. Tá até mandando um abraço pra senhora.
H: Ah! Ela tá aí, é? E ela não recebeu nenhuma visita não?
Aham... Aham... Ta certo. Não, não, nada.
Eu só liguei para saber como vocês estão mesmo. Beijo. – Helô desliga o
celular e concretiza sua ideia que Aisha não iria para o Alemão. – Os dois
seguem para casa, conversando sobre o acontecido.
Ao chegarem estranham a casa totalmente escura. Helô liga a
luz do abajur e saca um bilhetinho de Creusa.
“D. Helô, Marquei com a Niucéia para irmos a gafieira. Se
lembra que a senhora tinha dito que deixava eu ir, qualquer dia desses? Pois
sim. Eu deixei tudo prontinho. Janta que o D. Stenio mais gosta. Seu vinho
preferido. Bolinhos de queijo e o quarto ta todo cheiroso. Agora a senhora me
deixe D. Stenio escapar de novo ,viu? Vixi. Xero, Creusa.”
Após o término da leitura, Helô cai na gargalhada. Stenio
fica sem entender até roubar o bilhete da mãe da ex, que sai correndo atrás
dele, mas não consegue impedi-lo de ler e rir também. Eles acendem o resto das
luzes e veem a super produção da
empregada.
Haviam velas aromáticas por toda a casa. Helô ascende
algumas e se senta para jantar. A comida ainda estava quentinha, sinal que
Creusa acabara de sair. Stenio põe uma músiquinha leve e se senta ao lado da
sua amada.
Eles jantam tranquilamente. O clima estava tão bom, que
esquecem da noite estressante que tiveram. O pato com laranja estava uma
delícia e o vinho, raríssimo só abrilhantava mais ainda a noite. Todavia aos
olhos de Stenio, nada era mais brilhante e maravilhoso quanto Helô. Calma,
relaxada, sorridente. Daí sua ficha cai e ele se lembra que precisa voltar a
investir na relação dos dois. Ele passa sua mão por cima da mão dela, que
estava posta sobre a mesa, fazendo carinho.
S: Estava tudo delicioso, não foi? – Ela apenas sorri,
confirmando – E agora? O que fazemos?
H: Bem, você eu não sei – Se levantando devagar e levantando
os cabelos, deixando a amostra seu pescoço – mas eu vou para minha caminha –
boceja – preciso descansar...
S: Ah, não. Helô! A Creusa teve tanto trabalho para fazer
isso tudo – Heloisa segue caminhando para seu quarto, devagar, e ele a segue –
Não vamos desperdiçar todo esse carinho, não é? – Ao chegar na porta de seu
quarto, ela vira e olha fixadamente para Stenio.
H: E quem disse que nós desperdiçamos? Já jantamos, Stenio,
ficou maluco? – Ele se aproxima e sussurra.
S: Não estou falando somente do jantar. – Ele vai se
aproximando cada vez mais - Estou falando da oportunidade de estarmos sozinhos
– A delegada vai dando pequenos passos para trás, tentando se afastar da
tentação que conhecia como Stenio. – De sair para deixarmos mais à vontade e
... nossa!
Stenio, que estava de frente para o quarto arregala os
olhos, surpreso, e chama a atenção da ex, que até então estava de costas para a
surpresa principal da noite. Creusa arrumara o quarto com fotos do casal
espalhadas por todos os lugares. Sobre a cama estava o principal, o álbum de
casamento, com pétalas de rosas em torno. Também haviam velas e flores. Helô se
surpreende igualmente e fica com os olhos marejados.
H: Stenio, olha só isso! – Ela corre ara ver tudo – Stenio,
ainda em choque, anda devagar pelo quarto, apenas observando.
S: Nossa, ela nem me chamou para ajudar desta vez. Caprichou
mesmo!
H: Essa Creusa não perde tempo... Vem cá, Stenio! Olha isso!
– No álbum de casamento estavam coladas algumas cartas da época de eles
namoravam.
“Você é a mulher da minha vida. Nunca quero ficar longe de
ti. Heloisa Sampaio ALENCAR” – Stenio
“Meu futuro Delegato, te amo. Você é o homem da minha vida”
– Sua Helô
“Feliz aniversário, minha Helozinha. Te amo sempre” – Stenio
H: Nós éramos tão inocentes. Achávamos que a vida se resumia
a isso. Troca de amores, palavras... mas foi tudo tão dife...
S: Não, Helô. Não foi diferente. Vivemos momentos únicos.
Nos amávamos sinceramente, aliás, ainda nos amamos! Só você que não admite mais.
Cadê aquela menina que escreveu esta carta aqui? :
“Stenio, meu grande amor. Hoje sonhei novamente com você.
Estávamos na minha posse para delegada federal. Eu era a mulher mais feliz do
mundo! Eu tinha você e meu sonho realizado. Como posso querer mais alguma coisa
nesta vida. Te amo Te amo Te amo. E sempre será assim. Beijos. Sua Helô”
Stenio percebe que Helô não esboça nenhuma reação, parece
travada/chocada/nostálgica, um mix de emoções. Ele se senta ao lado dela, na
cama. Tira o álbum de suas mãos – ela ainda sem reação – a levanta. Os dois
ficam bem próximos. Apenas se ouvia suas respirações. Se olhavam sem piscar, o
coração batia cada vez mais forte e acelerado.
Stenio passa a mão pelo rosto de Helô, delicadamente. Ela
fecha os olhos e permite o carinho. Ele resolve continuar. Com a outra mão a
envolve pela cintura e puxa-a para si, em um movimento forte e seguro. Ela
suspira e abre os olhos. Eles sorriem em sincronia e se permitem um abraço. Um
abraço que significava o perdão, as lembranças boas e ruins por qual passaram, o
amor, a paixão, o desejo e, principalmente, a saudade que sentiam.
Helô quase chora, mas se controla. Toma forças e diz ao
ouvido dele:
H: Stenio, aquela menina ainda está aqui, mas agora ela é
uma mulher. E eu posso afirmar com todas as letras que... – Ela toma ar e
coragem, mas não fala nada.
S: Continua, meu amor. Eu to amando sua voz roquinha,
falando tudo que eu sonho ouvir a tanto tempo... – Ele põe o cabelo dela para
atrás da orelha e faz carinho em seu rosto.
H: Eu – Te – Amo! – Fala pausadamente e sorri ao terminar,
aliviada, como se todos esses 10 anos que ficou afastada dele, mesmo tantas
vezes querendo apenas estar ao seu lado, tivessem sido esquecidos e que a mesmo
paixão forte e pura de antes regrassasse. – Eu te amo, muito, verdadeiramente,
mesmo que você seja um galinha, enrolador, safado!
S: Obrigada pelos adjetivos carinhos, eu gosto bastante de
ouvir minha qualidades...
H: ah Stenio, cala a boca e me beija logo, vai! – Eles
sorriem e se beijam.
Beijos carinhosos, cheios de amor, ternura, paixão e desejo.
Não era igual ao amor de 10/20 anos atrás. Era maior, melhor e amadurecido. Os
corpos colados sobre o lençol, ainda cheios de pétalas vermelhas. (Creusa havia
dito na carta que o quarto estaria cheiroso, e estava. Completamente envolvido
com cheiro de rosas). Eles não falaram mais nada naquela noite, apenas se
saciaram muitas e muitas vezes, saciaram a necessidade de serem um só. Agora,
mais que nunca, era certo que se amavam e que podiam seguir juntos, passando
por cima de todos os obstáculos. Pois juntos eram mais fortes, completos. Eram
um só... Era STELOISA.
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