quarta-feira, 12 de junho de 2013

Fanfic Steloisa #05 - Parte 3

Helô seguia, na verdade, pra seu apartamento, estava farta. Farta de promessas, juras descartáveis, problemas... Bufa, tentando pôr para fora de seu peito tudo aquilo, mas de nada adianta retirar o ar dos pulmões, pois os sentimentos revirados estavam no coração. Ela dirige muda até seu destino (Helô muda? Estranhe! Pois até sozinha ela costuma falar!!), entra em casa e sente falta de ser recebida com carinho por sua fiel escudeira, Creusa. Alguns momentos passam por sua mente, como quando se separou de Stenio ou passou no concurso da PF, era sempre Creusa a primeira a ampará-la ou parabenizá-la. Caminha até seu quarto, junto com o vazio que carregava no peito.
Na praia, Stenio sente o mesmo vazio. Como pudera oscilar de emoções tão rapidamente? Afinal, naquela tarde, ele sentira um extremo medo por perder Helô no mar, logo uma imensa felicidade ao revê-la e imediatamente uma infinita tristeza por magoa-la, mesmo sem motivos e/ou sem querer. Ele caminha pelo calçadão, desolado, fritando sua cabeça, arrumando um modo de se redimir, acalmá-la, fazê-la acreditar que o que tinha visto (Carmem e ele na areia) não era o que ela imaginava. Passos largos o afastavam cada vez mais do ponto onde ele havia brigado com sua amada e também o afastavam do mundo real. E assim ele segue até o anoitecer.
No apartamento de Helô...
H: Maitê? – Ela falava no tablet.
M: Oi amiga, como você tá?Que cara tristinha é essa?
 H: Não, nada. – Maitê faz cara de desacreditada. – Eu já disse que não é nada, Maitê. – Briga - Se eu disse que é nada, é nada. – Agora parecia chorosa.
M: Heloisa, eu te conheço, amiga. Fala logo o que tá acontecendo!
 H: Não não não nã... Tá certo ta ta ta eu digo! – Respira fundo. – Stenio... Você pode passar aqui?
M: Own, meu amorzinho, não posso. – Fala carinhosamente. – Tenho que ir buscar a Bi no aeroporto.
H: Bianca? Voltou? Veio pra ficar?
M: Sim sim. Você acredita que finalmente vamos abrir a loja?– Helô sorri, mas logo desmancha o riso, preocupando a amiga. – Mas espera, fala o que você tem primeiro, eu só vou buscá-la daqui à uns minutos. Quero saber... E agora!!
H:  Vou falar, calma... - Helô explica toda a cena que assistira naquela tarde, também comenta a manhã mágica que passaram juntos. Cada palavra doía em seu peito, fazendo-a reviver todos aqueles segundos tão bons de seu dia.
M: Amiga, mas por que tanta angustia? Ele não te traiu. Pelo que você acabou de me explicar, foi uma salva-vidas que tava SOCORRENDO ele – Enfatiza.
H: Mas Maitê, eu vi! Ele tava se insinuando pra cima daquela... daquela... daquelazinha lá! – Vira o rosto, como uma criança de birraça.
M: Heloisa. – Fala sério. – Heloisa, olha pra mim. – Pausa. – Você tá com medo de novo, não é? – Ela bufa e revira os olhos, discordando. – E não tenta disfarçar não! Eu te conheço, às vezes, melhor que você mesma!
H: Maitê...
M: Não vem com essa, amiga. Se você tá com medo, os enfrente! Cadê aquela delegata durona que prende todo mundo?? Cadê?  - Helô sorri com os olhos marejados - Cadê aquela mulher forte que enfrentou toda uma máfia??  Hein? – Uma lágrima escapa e logo ela tenta esconde-la. – Hello!? Sou eu, Maitê! Não precisa esconder nada de mim, pois sei muito bem quem é você. Sei do seu passado, dona delegada... – Brinca.
H: Ai, Maitê, você é INACRÊ – sorri, limpando as outras lágrimas que acabaram rolando por seu rosto. – Amiga, como eu queria você aqui agora, queria teu colinho – Faz bico. – Eu to com medo sim! Triste e com medo.
M: Me diz, amorzinho, porque tristeza se você sabe que ele te ama? Praticamente de idolatra!
H: Medo de sofrer tudo de novo. O Stenio é reincidente e depois de hoje... – Abaixa a cabeça. – Ele me machucou, me magoou mesmo... – Heloisa não chega a completar sua frase, pois é interrompida por Stenio, que entrava no quarto.
O advogado entra de cabeça baixa, com o semblante abatido, a olha, porém ela estava com o rosto virado para retardar esse encontro. Arrasado, segue para o banho.
Enquanto Stenio banhava-se, Heloisa arrumava o quarto de hóspede, com o intuito de fazê-lo dormir ali. Ela, perdida em seus pensamentos, faz tudo mecanicamente. Sobe na cama para alcançar o armário, tira uns travesseiros e os joga na cama, os olha e se recorda das guerras de almofadas que faziam de madrugada, logo volta a si. Agora pegava alguns edredons que ficavam na parte mais alta, esticasse ao máximo, e assim que tenta descer da cama, escorrega. Stenio, porém, é mais rápido e a toma nos braços. Se olham fixadamente por alguns instantes. Assustados, ofegantes, tristes, doídos, com medo...
S: Helô... – A segura cada vez mais firme e ela, sentido suas mãos pelo corpo, vai ficando mole. – Eu acho que precisamos conversar... – Cola seu nariz ao rosto dela, que logo dá um jeito de se afastar.
H: Ai, Stenio, me solta. – Recolhe os edredons que caíram no chão e os joga por cima da cama. – Não temos nada para conversar, e não vem atrás de mim não. Hoje tu dorme ai! – Aponta para a cama e se vai.
S: Aaaah não, Helô!! – Ele a segue e, quando chega a porta do quarto de Helô, a vira bruscamente, trazendo-a para si. – Você vai me ouvir sim! – Ela o olha espantada. – Todos esses anos me julgando sem deixar eu depor a meu favor!!
H: Isso porque eu sou delegada e não juíza. - Ironiza
S: Não quero um decreto, delegada, quero uma chance de me defender. Você não disse que todos têm direito de defesa, o que eu preciso fazer pra você me ouvir agora?
H: Eu preciso de algo que só você pode me dar, Stenio... – Se aproxima de seu rosto, o toca levemente com os dedos e dispara - Sua ausência! Zarpa daqui! – Finalmente se soltam e ela bate a porta, o deixando do lado de fora, sem reação, até que...
S: Você vai se arrepender, Helô. – Fala atrás da porta. – Não é assim que se resolve as coisas. Não é assim que vencemos nossos medos. Covarde! – Ele grita, indo para o outro quarto. – É isso que você é, covarde!
Heloisa se encosta a porta e desce, deslizando por ela, chorava e não sabia mais o que sentir. Era como leu em um livro de Caio F. Abreu: “Procurou um rótulo para pacificar o sentimento, mas não o encontrou”. Ela sabia que o amava e que o medo desses sentimentos eram verossímeis, mas não podia falar isso, não em voz alta...
No quarto ao lado...
O relógio marca meia noite, Stenio continua impaciente, sentia que precisava falar naquele momento, não aguentaria até a manhã seguinte. Ele a conhecia muito bem, cada centímetro de seu corpo, talvez até de uma alma, sabia que era puro medo, insegurança e orgulho. Ele respira fundo e se levanta da cama, rumo ao quarto dela...
Helô vira de um lado para o outro na cama, não conseguia pregar o olho de modo algum, não sabia o que fazer, nem como fazer para sair daquela situação. “De novo não!”, pensa ela, ao lembrar-se de Carmem, Débora, Raquel... Nomes que rodeavam sua cabeça, deixando-a louca. “Ele não seria capaz... Não novamente... Ou seria?”. Ela não suporta mais tantos pensamentos lhe queimando a cabeça, fazendo dual a todo momento, transformando sua angustia em medo, seu medo em desconfiança, sua desconfiança em fé, sua fé em raiva, sua raiva em amor.... Amor que sentia por ele, e que jurava (secretamente) que estaria a cima das outras coisas. Assim, se refaz em pulo e corre até a porta, abrindo-a e dando de cara com ele.

H: Stenio... – Ofegante e sem voz, ela se assusta, mas admite para si mesma que foi um dos melhores sustos que já tomara na vida...

Continua...


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