O dia amanhece e, após uma longa noite de chuva, um belo
arco-íris colore o céu. Stenio, então, faz questão de mostrá-lo a sua amada,
que dormia com serenidade. Ele sai da varanda, olha para Helô e se perde em
recordações, recordações essas da noite passada, do amor que fizeram, dos
beijos que trocaram, das palavras doces que falou e, finalmente, pode escutar.
Poderia ficar melhor? “Sim”, pensa ele, ao lembrar da surpresa que preparara para
o dia seguinte, a final, não é todo dia que se completa uma ano de casamento e,
ao mesmo tempo, 22. Ele sorri e se depara com Helô, sentada na cama, o olhando.
H: Bom dia. – Diz com um belo e sonolento sorriso.
S: Bom dia, meu amor! Dormiu bem? – Se aproxima da cama e
senta-se do seu lado.
H: Hum... – Se espreguiça – Como uma pedra.
S: Não. – A olha bem de perto. – Como um anjo lindo. – Tenta
beija-la, mas ela desvia.
H: Não, Stenio, acabei de acordar... – Fala enquanto se
levanta da cama, mas ele a puxa.
S: Helô... – Ela vira, pronta para reclamar com ele. –
Calma, não fala nada. – Ela a olha com curiosidade. – Só quero te mostrar uma
coisa.
O advogado desliza seus dedos pelos braços de sua mulher,
até chegar em suas mãos, fazendo-a arrepiar e se deixar levar com olhos
fechados e um leve sorriso no rosto. Logo depois entrelaçam os dedos das mãos e
ele a leva até a varanda. Heloisa ilumina o rosto, ao ver o enorme arco-íris,
mesmo com aquela pose de durona, Stenio sabia que ela gostava das coisas
simples, meigas, românticas, às vezes até infantis (às vezes). Ele a abraça por
trás e ficam alguns minutos calados, apenas curtindo a vista.
H: Um ano – Ela quebra o silêncio.
S: Ou 22. – Eles se olham, sorrindo. – Se esquecermos os
anos que ficamos separados...
H: Verdade... – Suspira e continua. – Estaríamos completando
22 anos de casados amanhã. – Ela se vira bruscamente, ficando de frente para
ele. – Será um domingo de comemoração? – Morde o lábio, com cara de menina
travessa.
S: Helô, não faz essa cara – Ele sorri – Senão eu não
aguento! – A puxa e trocam alguns selinhos.
Pensam em aproveitar o sábado com o plano de passear na
praia, correr no calçadão e dar um mergulho no mar. Helô logo se arruma,
bastante animada, e puxa Stenio junto consigo. Os dois, vestidos com roupa de
ginástica (Helô de leg preta, tênis,boné e agasalho azul; Stenio: Tenis, regata
branca com um agasalho preto por cima,aberto, e bermuda da mesma cor) eles
passam por Creusa, que estava na sala.
C: Mais que empolgação, hein D. Helô? – Sorri.
S: Sabadão, Creusita, vamos aproveitar!! – Corre pela sala e
a abraça, brincando. Helô também entra na brincadeira e aperta a empregada
também.
H: E tu? – Se afasta. – Tá fazendo o que aqui ainda? Não vai
aproveitar esse solzão não?
C: Vou sim. Só vim avisar que to indo mim bora, e que só
volto na quinta, depois do feriado. – O casal se entreolha, já pensando na casa
toda para eles durante os quatro dias. – Apesar da saudade... - Creusa fica
feliz em ver seu casal favorito vivendo em harmonia, se despede e vai embora.
Helô e Stenio, depois de namorarem um pouquinho no apto,
seguem para a praia. Chegando lá correm, praticamente apostando corrida. Helô
consegue sempre estar na frente, mas o advogado fazia questão de trapacear e
ultrapassa-la, eram empurrões (de leve, é claro), abraços e beijos roubados,
entre outras coisas que a intertia. Em uma dessas trapaças, Stenio acaba
derrubando a delegada na areia.
H: Stenio!? – Diz, no chão, abismada. – O que é isso, meu
querido? Não sabe perder não. – Ele a olha e tenta falar algo, mas só conseguia
rir. – Para Stenio! Me ajuda a levantar.
O advogado, ainda em gargalhadas, estende a mão para a
mulher, de repente é surpreendido por um golpe que lhe leva de encontro ao
chão, ao lado dela. Com o susto que leva, ele não esboça reação, resultando
risadas dobradas da esposa. Heloisa se contorcia na areia, enquanto ele a
olhava, contrariado e tentando se limpar.
S: Não teve graça, Helô. – Senta.
H: quando fui eu que caí, teve. – Deitada, ela posiciona os
braços atrás da cabeça (posição tradicional de pegar bronze). – Ele a olha com
desejo, não parecia mais nem um pouco contestado. – Que é? – Ele aproxima se
olhar, fitando-a – Stenio... Não... Stenio, não!- Helô joga um pouco de areia
nele, que responde com a mesma moeda. – Stenio, para! – Eles rolam na areia,
até que ele fica por cima, esbravejando-se vitorioso e tentando a seduzir com o
olhar.
Logo a delegada entende as intenções do marido e tenta sair
dali, ele a segura pelas pernas, fazendo-a cair novamente. Pequenos gritos e
altas risadas chamam atenção. Stenio sempre tentando se chegar, abraça-la, beija-la
e ela fugindo, correndo, rolando e o derrubando também.
Chegam ao mar. Entre as ondas da beirada brincam de jogar água
um no outro, pareciam adolescentes, mais que isso, se sentiam como tal.
Totalmente melados de areia, resolvem entrar naquele imenso e claro mar. Stenio
se apressa e pega Helô em seus braços, ela se debate a fim de se libertar dele,
assim fazendo os dois caírem ao mar. Os dois, agora submersos, praticam (ou
tentam) a troca de beijos em baixo d’água.
S: Helô, acho que isso não tá dando muito certo – Ri enquanto
emerge. – Helô? Cadê você? Heloisa?
Stenio percebe que a esposa não emergiu junto a ele.
Mergulha diversas vezes a sua procura, mas nada. Grita e nada de um lado para
outro. Havia muitas pessoas ali, o que dificultava a procura, mas Stenio não
desiste, e como poderia? “Nunca!”, pensa ele, “Nunca poderia deixá-la para trás.
Muito menos pensar nisso”. Destarte lhe bate um desespero. Mesmo estando dentro
d’água, sente suas mãos suarem, seu coração acelerar e um medo imenso tomar
conta de si. E agora, o que fazer?
Continua...
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