segunda-feira, 3 de junho de 2013

Fanfic Steloisa #04 - Parte 4

Seguir todas as leis comportamentais, jurídicas, civis, maternas, matriarcais, sociais, amorosas... Helô sempre foi a garota certinha, dentro das leis, desde muito cedo. Aprendera que só seria possível viver organizadamente, civilizadamente desta forma. Era sempre centrada, não só em seu trabalho, dedicada demais quando focava em algo. Tantas vezes chamada de careta, certinha, dura... Mas sempre firme em sua posição moral. Porém naquele dia ela estava diferente. Na verdade andava bastante diferente. Apostou em uma nova Heloisa, uma Heloisa menos austera,talvez  livre, talvez doce, talvez meiga, talvez carente, talvez solta demais, talvez moderna demais, talvez... talvez feliz totalmente! Sem precisar preencher os buracos que sentia no peito com compras ou trabalhos demasiados. O que acabou resultando em...
M: Não acredito que estou vendo isso!Ricardo!! – Nos olhos de Maitê podia-se ver decepção, angustia, dor por ter sido traída, não só pelo “namorado”, mas pela melhor amiga. – Você não poderia ter feito isso comigo, Helô... – Heloisa, voltando ao mundo real, pois estava tonta com tanto álcool (não estava acostumada a beber acima do convencional), até tenta falar, porém a amiga não permite. – Não fale nada, já lhe dei todo o tempo para falar e você...
Stenio, porém permanece parado, imóvel. Ele tinha seus olhos marejados, não conseguia e nem queria acreditar que era verdade. “Helô, minha Helô, nos braços daquele policial? Não era só minha imaginação?”pensava ele. Ricardo solta Helô, com cuidado para que ela não caia, mal conseguia ficar de pé.
R: Me desculpem, mas eu preciso conversar com vocês, Maitê.
M: Não, vocês tiveram todo o tempo para me falar, nos falar e não disseram nada!
A música para. Todos no restaurante os olham. Stenio respira fundo, não era possível que aquele canalha tenha aproveitado o estado nada natural que a delegada se encontrava,  e parte para cima de Ricardo.
S: Você vai me pagar!! – Helô, totalmente bêbada, ri sem entender muito bem.
H: Você vai bater nele? Rá – Sai cambaleando e fica no meio dos dois. – SSSStenio... Stenio... SSSStenio... – Se a situação não fosse tão séria, o estado de Helô seria perfeito para uma cena de humor. – Você é muito burro! Vai bater em um delegado de policia? Vai ser preso, meu quiriiiiiiiido. – Helô cai perto dos pés dos dois, resultando um ultimo suspiro de Maitê.
M: Não posso mais ver isso. Olha seu estado, Heloisa, deplorável. E você, Ricardo, não pode ver que ela não estar sã? – Maitê vai embora, em prantos e Ricardo a segue, deixando o casal principal sozinho no salão.
A música volta a tocar, as pessoas tentam não olhar mais para eles, Ricardo e Maitê não eram mais vistos e Stenio continuava ali, próximo à Helô (que estava no chão). Ele a olha seco, mas na verdade não sabe o que sentir. Podia ver claramente que ela não estava bem.
S: Levanta! – Fala com desdém. – Helô. – Ela, que soluçava, levanta a cabeça e o olha. – Levana daí. – Ele estende a mão, ajudando-a a levantar. – Vamos para casa. – Stenio levanta Helô, bruscamente, estava com raiva, e a leva para o carro.
No caminho até o apartamento dela, ele se pergunta muitas vezes o que estava fazendo, mas nem ao menos sabia responder. Só sentia a necessidade de cuidar dela, não deixa-la para trás, ainda mais da maneira que estava. Ele dirige olhando fixadamente para frente, não queria encontrar seu olhar com o dela. Helô, que estava no bando ao lado, dormia e acordava a todo momento, até que chega uma hora que decide quebrar o silêncio agonizante que lhe deixava louca.
H: Stenio! – Ele não a responde. – SSSSSStêÊÊnio. – Insiste. – SSSSTÊÊÊNIIIIIIOO – Exagerando, assim como fez a noite toda.
S: Fala, Heloisa.
H: Você gostou do meu beijo?
S: Como? – Indignado, ele quase bate o carro.
H: Ai... Olha a rua! – se acomodando no bando novamente, depois da curva bruta que ele havia dado. – Tôô perrrrguntando se você gostou do meu beijo?
S: Helô, eu não to acreditando que você está me perguntando se eu gostei do seu beijo, o beijo que você deu no Ricardo! – fala anojado.
H: Não, tá maluco , Stenio!? Eu to falando do nosso beijo,agora, lá no restaurante... Quer dizer, era o Ricardo, mas depois foi você, ai depois era o Ricar... – Helô, confusamente bêbada, sente um enjoo e pede para Stenio para o carro.
O advogado não sabia se sentia pena ou cada vez mais raiva da mulher. Logo depois de por tudo para fora, ele a ajuda  e segue rapidamente para casa. Chegando lá, depois de muita força e paciência de Stenio, eles conseguem entrar no apartamento. Helô fazia muito barulho, logo chamando a atenção da empregada. Creusa fica horrorizada com o que vê. Helô, pálida, cambaleando ao lado de Stenio, que lhe segurava o braço e não olhava-a nos olhos. Ela tenta caminhar até o sofá e se joga lá, adormecendo.
C: D. Stenio, o que aconteceu com ela? – Vai ajudá-lo a ajeitar Helô.
S: Creusa... – Respira fundo, parecia muito triste. – Ela bebeu todas, gritou, pulou, dançou, fez confusão... Foi horrível. – Passa as mãos no rosto, tentando apagar as cenas que vinham em sua mente e lhe doíam a cabeça.
C: Mas D. Stenio, a D. Helô não é de fazer essas coisas não. – Fala admirada.
S: Mas fez Creusa, mas fez... – Ele se levanta e segue para o quarto, deixando a empregada sem saber o que fazer.
C: Doutor, espere. E ela? Vai deixar a pobre aqui é? – Eles a olham com pena e dor, da parte de Stenio.
S: Eu vou tomar um banho, espairecer, depois coloco ela na cama.
Stenio não conseguia tirar a cena da cabeça, Heloisa beijando Ricardo, logo ele. Parecia que um buraco havia ser aberto sob seus pés, havia mesmo perdido seu chão. Em contra ponto ela estava bêbada, fora de si, talvez até achando que Ricardo fosse ele... Não! Mesmo assim ela o beijara! O que fazer? O que sentir? Como agir? De repende respira fundo e, com gana, resolve tomar uma atitude. Corre até a sala, a pega no colo, acordando-a e levando para o quarto. Creusa observa com atenção.
S: ACORDA, HELOISA – Fala firme, dando levíssimas tapinhas no rosto dela.- ACORDA! VAMOS!
C: O que o senhor vai fazer, D. Stenio? – Assustada.
S: Vou fazer ela voltar pro mundo real, Creusa. – Volta para Heloisa e a chacoalha. – ACORDA HELÔ!!!!
Helô abre os olhos, lentamente. Assustada, não sabia nem ao menos o que estava acontecendo. Da maneira que ela estava, Stenio não via outra opção. Ele a carrega até o chuveiro, arranca sua roupa e lhe põe embaixo da água fria. Helô tentava sair, esbravejando, mas ele impedia. Não podia deixar mais ela da modo que estava. No fundo fazia por raiva também, aquilo não melhorava a ferida que estava aberta em seu peito, porém ele acreditava que isso poderia acontecer quando conversassem, assim que ela estivesse sóbria.
S: Creusa, prepara um café puro e bem amargo! – Fala alto, depois percebe que ela se encontrava no closet, relativamente próxima a eles.
C: Certo. – Ia, mas acaba voltando para dizer um recado. - Olhe, Dona Maitê ligou. Disse que não era para se preocupar que tudo ficou resolvido, mas depois ela iria querer notícias da D. Helô. Eu não entendi foi nada, mas...
S: Ta certo, Creusa, que bom para ela. Agora vai pegar o café para essa maluca aqui! - Ele grita e ela logo atende, com um pouco de medo, pois nunca tinha visto o padrão naquele estado.
Ainda sob a ducha gelada, ela se vira para ele, com um olhar malicioso, coloca o dedo na frente da boca e balbucia algumas palavras molhadas, mas ele não compreende. Resolve repetir, desta vez o puxando para perto dela. Colando seus corpos, fazendo-o fechar os olhos, procurando forças para resistir e se manter firme.
H: Você me ama! – Fala à milímetros da boca dele, que agora estava todo molhado. – Fala! Fala que me ama! – Helô não aguenta a frieza do namorido, tinha a temperatura mais baixa que a água que lhe doía a cabeça. – Fala... – Traz seus lábios para perto da boca dele e tenta morde-lo, porem Stenio a afasta, ríspido.
Sem ter o que queria ela volta a batê-lo e querer sair dali. Stenio se sentia cada vez pior. Não sabia como e nem de onde tinha arranjado forças ara aguentar aquela situação. Helô ali em sua frente, nua, lhe querendo, frágil... Não! Haveria de Resistir. Precisava!
Helô começava, aos pouquinhos, a voltar para si. Ganhando força, suas pancadas eram cada vez mais fortes e Stenio acaba cedendo e retirando-a dali. Agora ele a enrola em um roupão e a leva para cama. Vociferava sem parar, mas ele ignorava. Estava determinado em fazer com que ela voltasse ao normal, para que ela pudesse ver o tamanho do estrago que fez, pudesse vê-lo ali... sofrendo.
H: Me solta! – Ele a joga na cama. – O que você quer? – Fala com a cara no travesseiro. – Me deixa dormir... Tô cansada... E você não me ama mais... Vai embora...
O tempo passa, mas Stenio não desiste. Creusa, então, entra no quarto com o café e entrega-o para o patrão. – O que é isso? Eu não vou tomar mais nada, nem vem nem vem nem vem, meu querido!
S: É café, você vai tomar sim senhora, não adianta reclamar. – Ele pega a xícara e leva até ela, mas a teimosa vira-se de costas.
C: Toma, D. Helô, a senhora precisa acordar.
H: Mais eu já to acordada, Creusita! – Abre os braços e fica de joelhos  na cama.
S: Crusa, ela já ta melhorzinha, pode ir dormir sossegada. – Creusa tenta falar mais alguma coisa,pedir para ficar ali seria uma das coisas, mas o patrão insiste e ela acaba aceitando, deixando-os sozinhos. – Helô. – O olha serio. – Senta. – Ela obedece, com cara de desconfiada. – Bebe. – Lhe oferece a xícara, mas ela recusa com um gesto de cabeça. – Bebe! – grita e respira, tentando voltar ao controle. – Por favor, Helo... – Ela pega a xícara e dá um gole grande.
H: Eca! – Faz uma careta. – Tá muito amargo, Stenio. – Ele sorri, ela estava voltando. E, mesmo estando magoado (bastante), não conseguia mais ter raiva dela. Via apenas a frágil Helô, aquela com qual havia se casado a mais de 20 anos atrás. O momento de nostalgia o faz esquecer, por alguns instantes, a noite horrível que tiveram. – Stenio... – Fala com a cabeça baixa. – Desculpa... – Agora podia-se ver as lágrimas gordas que caiam no café. – Eu sempre estrago tudo.
S: Por que, Helô? Por que você fez aquilo? – Sua voz era calma, suave, mas cheia de dor.
H: Eu não sei o que me deu. Estávamos ali, conversando, quando sei lá, só vinha você na minha mente...
S: Vai me culpar por você ter beijado aquele cara?
H: Não! Nunca! Mas... – Parecia procurar explicações onde não haviam. Ela não achava palavras, não achava desculpas, não achava o olhar de Stenio. – Olha para mim...
S: Não consigo.
H: Por favor. – em súplica – Não posso ficar sem te olhar nos olhos, sempre resolvemos tudo com o olhar. Você sabe que não me expresso bem com palavras... – Aquilo doía nela também.
S: Deve ser por isso que não demos certo. – Fala se levantando da cama.
Helô sente seu coração quebrar dentro do peito. Um desespero a toma conta o ver Stenio indo para longe de si. Ele seguia para o closet. Iria embora? Deixá-la? Não! O que fazer? O que dizer? Ela até tenta por muitas vezes fazer algo, falar algo, mas suas tentativas não funcionam. Seu corpo não lhe obedece. Não saberia viver sem ele! Não saberia mais... Não mais... Luta e reluta. Mente, corpo, alma e coração pareciam concordar. Chega ao ponto extremo de sua luta interna e consegue gritar, enfim.
H: NÃO! FICA STENIO! NÃO ME ABANDONA! NÃO ME DEIXA NOVAMENTE! EU TE AMO!  - Stenio se vira, para o que estava fazendo e a olha descrente ao que acabara de ouvir.
S: Você o que?
H: Eu te amo! Pronto, falei.
S: Você só me disse isso uma vez. Há mais de ... não me lembro quando foi a ultima vez que disse... – Perturbado, ele se aproxima da cama.
H: Vacilei, eu sei. Mas me desculpa. – abaixa a cabeça. – Tudo que eu queria era ser feliz, para estar feliz ao teu lado. – Respira fundo – Você acorda todos os dias com um lindo sorriso no rosto, me dá bom dia, me mostra como o dia pode ser belo, mesmo se estiver nublado, - sorri com os olhos marejados, estava encabulada. – diz que me ama com uma facilidade...
S: Porque, para mim, não tem nenhuma dificuldade te amar. – Ele fala levantando seu rosto com um leve toque no queixo. – tenta. – Uma lágrima desce pelo seu rosto e ele a enxuga. – Helô. – Ele senta-se ao lado dela, pega sua mão e finalmente se miram, se conectam, conversam pelo olhar novamente.
Eles ficam se comunicando desta maneira por minutos. Encostam suas testas e começam a sincronizar seus movimentos, pensamentos e até a respiração. As mãos de Stenio começam a subir pelos braços de Helô, ela fecha os olhos e sorri, sem sair da posição. O advogado continua o movimento, agora descendo e chegando a sua cintura. Helô engole o medo, não precisava mais dele, já havia até falado de seus sentimentos... Stenio, delicadamente, a puxa para mais perto de si e sussurra:
S: Se você disser que me quer, que me aceita de volta, que ama mais uma vez... – Pausa – Eu fico, eu juro que fico, Helô. – Ela se afasta, o olha assustada, respira fundo e joga para fora tudo que sentia.
H: Eu não saberia viver sem você. Todos esses anos foram como uma tortura sem fim. No inicio a raiva me confortava, mas depois... Eu te quero todas as horas do meu dia, mesmo quando finjo não querer, mesmo quando minto para mim mesma, dizendo que não! – Ela fala deliberada, com vontade. – Eu te amo, mas não do mesmo modo que amava antes – ele muda de feição, agora achado que ela voltaria atrás – Tudo porque te amo mais e mais, incontrolavelmente mais! – Ela adiciona um enorme sorriso ao rosto, que estava encharcado de lágrimas. Ele se levanta se cola seu corpo ao dela.
Enfim, ajoelhados na cama, corpo a corpo, rosto a rosto, alma a alma, Heloisa a Stenio... Parecia não faltar mais nada para fazer com que aquele momento, aquele momento só deles, ficasse marcado como único. Stenio foca no olhar de sua amada, tudo em volta desaparece. Ele se aproxima mais ainda e um beijo é inevitável. Um beijo doce, quente, molhado, cheio de vontade e desejo, coberto de amor. Este é multiplicado e espalhado pelo corpo, pela cama...
H: Espera. – segura a cabeça de Stenio, que beijava seu colo. – Faltou te dizer algo. – O que mais faltava? O que poderia deixar aquele momento mais perfeito? Stenio, calado, a olha com atenção e curiosidade. – Eu te aceito de volta. De volta na minha casa,- Pausa- cama, - Pausa - vida... Casa comigo? – Ele sorri, e tenta corrigi-la.

S: Claro ...Não era eu quem deveria fazer essa pergunta? – Ela sorri também e nega, com a cabeça. Ele afirma, também com a cabeça. Os dois repetem os gestos, se aproximando novamente, até que suas bocas se encontram e eles não têm mais necessidade de discutir, apenas se amar... ali, agora, urgentemente, mas sem pressa. Forte, mas suave. Cheios de desejos,mas repletos de calmaria. Recheados de luxúria, mas puros por dentro. Completamente entregue, mas... mas nada. Apenas se amar, se amar e se amar bastava...


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