Vidinha de casados. Tranquila, cheia de carinhos, amor,
paixão, algumas vezes um esforço para dividir momentos, outras para abdicar...
Brigas? Para quê? Desconfianças? Quem é desconfiada (o)? Filhos? Já crescidos e
criados, bastante responsáveis. Saudade? Como? Não se desgrudam um só momento. O
dia todo para ouvir e fazer declarações. Te amo pra cá, te amo pra lá. Um
exagero de manhãs, tardes e noites de brincadeiras, caricias e muitas outras “cozitas
más”. Bem... Este SERIA o casamento perfeito, para um casal perfeito, vivendo
uma vida perfeita, numa história perfeita. E para falar a verdade, perfeitamente
chata! A relação de namorido entre Heloisa e Stenio estava indo muito bem, mas
com suas imperfeições, o que deixava a coisa muito mais gostosa! Numa tarde,
eles estavam em casa, sentados no sofá, conversando sobre assuntos variados,
quando são interrompidos pelo barulho da campainha. Creusa se apressa para abrir
a porta e fica muito feliz ao ver Maitê. Elas se cumprimentam e logo Maitê
corre para abraçar a amiga delegada.
M: Amiga!!! – Se abraçam animadas – Que saudades.
H: Achei que você tinha me abandonado – faz bico.
M: Claro que não, Heloisa, tá maluca? – Põe as mãos na
cintura. – E tem como abandonar essa delegada crente – aperta-lhe o rosto,
fazendo careta, até que percebe Stenio presente na sala, rindo. – Stenio! Nem
te vi, desculpas. – Vai até ele e troca dois beijos no rosto – Tudo bom?
S: Tudo sim, ótimo. – Ele sorri. – E você e o Ricardo, como
estão?
H: Stenio! – Adverte a delegada.
M: Tudo bem, tudo bem, Helô. Ele não sabe... abaixa a cabeça. – Nós demos um tempo,
Stenio.
Na verdade Stenio sabia de toda a história, pois Helô
repetia-a constantemente: “Desde que estávamos investigando o tráfico de
pessoas da quadrilha da Lívia Marini, a Maitê se interessou no Ricardo, e acho
que o inverso também aconteceu. Eles namoraram durante um tempo, mas a sua paranoia,
não sei como, chegou nos ouvidos de Maitê e ela agora acha que ele paquera
todas as policiais daquela delegacia. Inclusive eu!”. No fundo Stenio tinha
esperança que eles reatassem para se livrar de vez do delegado e poder viver
tranquilamente com sua amada. Depois da mudança de clima na sala, Helô puxa a
amiga para o quarto, para conversarem mais à vontade.
H: Desculpa, amiga, Stenio é muito sem noção. – Senta-se na
cama ao lado dela.
M: Tudo bem, Helô. Já te disse que tá tudo bem... – Num tom
meio triste.
H: Não tá não! To vendo nos teus olhos, Maitê. – Levanta o
rosto da amiga. – Foi por causa de mim? Porque eu sei que meu nome também
surgiu nessa história, mas eu vou logo dizendo que...
M: Heloisa, eu confio em você! – Interrompe a delegada – Eu te
perguntei mil vezes se ele estava interessado em você, ou você nele e você me
deu a certeza que o caminho estava livre, até me ajudou. Eu fiquei triste
porque eu estava gostando...
H: ô amiga, não gosto de te ver assim, se eu soubesse não
tinha nem apresentado vocês.
M: Não fale besteira! – Pula da cama – Pode ter terminado,
ou dado um tempo, sei lá.... Mas foi ÓTIMOOO! – Helô gargalha. – Foi maravilhoso!
H: Ai, Maitê, você é INECRE! – As duas riem.
M: E você, amiga, como está com o maridão? – Se balança,
brincando com Helô.
H: Ai, Maitê, não começa com essa... – Cora. – Nós somos
como antes, não tem isso de marido.
M: Mentira! Mentira sua! – Helô faz cara de estranheza, mas
com um sorrisinho na ponta da boca. – Vocês estão bem mais ligados, beem mais
apaixonados – enfatiza a ultima parte, fazendo-a rir. – Com bem mais paixão,
com mais mais mais tudo hahaha.
H: INACRE ditável... Você tá muito cheia de emoções, acho
que o Ricardo te fez muito bem mesmo. – Se arrepende de ter falado no policial.
M: Não... De novo não – Se joga na cama, com as mãos no
rosto.
H: Desculpa, amiga, desculpa. – ri querendo não ri. – Vamos fazer
assim. – Pausa – Vamos sair hoje a noite. Peço para que o Stenio te apresente
algum amigo dele. Dançamos bastante e você esquece isso, que tal? – Helô lhe
mostra um sorriso de criança, impossível de negar.
M: Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima! – Maitê canta,
levantando da cama e empolgando-se, deixando Helô em meio à gargalhadas.
Logo a noite cai e eles se arrumam. Stenio havia feito o que
a mulher pedira. Convidou um amigo, advogado, que não vira há muito tempo, um
amigo de faculdade, um garanhão. Helô não gosta muito no início, mas depois
concorda que precisa animar a amiga pelo menos naquela noite. A delegada se
veste, rapidamente, está com um belo vestido preto, um decote relativamente
grande na frente, muitas pulseiras, um brinco enorme, tal como o solto e uma
bela maquiagem. Ela espera na sala por alguns minutos, até que não aguenta mais
a demora do companheiro mega vaidoso e começa com a gritaria.
H: STENIO, MEU QUERIDO, VOCÊ VAI SE CASAR É? BORA MEU
FILHO!! – Stenio aparece sorridente atrás dela, a assustando.
S: Se você quiser caso agora mesmo... – Dá um belo e sedutor
sorriso, mas ela finge nem liga.
H: Que susto, criatura. – O ultrapassa, sorrindo por dentro.
– Vamos andando que a Maitê já deve estar chegando lá. Bora bora bora bora.
S: Tá cedo, amor, relaxa. Que tal antes um beijinho? – Ela vira
para ele com raiva, pois estava com pressa.
H: Que Mané beijinho, Stenio, Bora! – Ele abaixa a cabeça e
segue andando devagar, e assim que passa por ela (Heloisa estava apoiada na
porta, segurando as chaves) a puxa para si, lhe roubando um beijo
demorado, quente e intenso. Ela afasta-o
e ele sorri vitorioso. – Você... você... Arrg Stenio... – Agora, quase sem voz,
sem ar, ela se distrai. – Stenio... – Ele abre a porta lentamente e olha para
ela, aérea.
S: Não vai? – Sinicamente. Helô o olha de cima a baixo,
agora com desejo, esquecendo a pressa. – O que foi? – Ele demora um pouco, mas
acaba percebendo o interesse da delegada. – Helô... – ela vai fechando a porta
e se aproximando dele. – Helô...
E quando Stenio menos espera (Mentira, ele não só esperava,
como implorava por dentro que aquilo viesse a acontecer), Helô o encosta contra
a porta. Ela morde o lábio inferior e o mira com um olhar fatal. Passa a mão
pelo peito de Stenio, o deixando nervoso, depois cola seu corpo ao dele. Stenio
tenta beija-la, mas ela não permite. Continua com seu joguinho, agora segurando
o namorido pelo braços. Cheira seu pescoço, orelha... Ele sente cócegas e sorri, ela percebe e continua. O advogado
tenta mais uma vez se livrar das mãos de Heloisa, que o imobilizavam, e tocá-la,
porém ela o aplica um golpe, deixando de frente para a parede.
H: Você provocou... – sussurra em seu ouvido – agora aguenta
aí, quietinho.
Malvada do modo que adorava ser, passa as mãos pelas costas
dele, ora lhe alisando ora lhe arranhando, mas sempre lhe atiçando. É quando
ele finalmente se vira e consegue tê-la nas mãos.
H: Ai... Stenio. – Ele a encosta na parede. – Assim você vai
me machucar... – fala manhosa e com um
sorriso safado no fim.
Stenio ri da manha e a segura firme, fazendo-a estremecer.
Logo já estão colados novamente, envolvidos pelo desejo de ser ter. Se
beijando. Beijos calmos, que vão se intensificando e transformando-se em beijos
urgentes, quentes, cheios de desejo. As mãos vão alternando entre costas,
cintura, nuca, cabelos... Os arrepios acontecem, sorrisos são vistos, o tempo parece não passar, entretanto só parece...
S: Helô, nós não íamos encontrar a Maitê? - Entre beijos, mordidas, caricias cada vez
mais aceitas, repetidas e duplicadas, essa primeira frase é totalmente ignorada.
Continua...